sexta-feira, 22 de maio de 2009

Rain

Levantei-me. Era uma manhã fria. Sentei-me e escondi o rosto nas mãos como quem quer esconder a si próprio. Quando voltei a erguer os olhos avistei o chão molhado, chuva. Mais parecia neve. Regressei ao meu quarto e prostei-me na rede para terminar de ler um ótimo livro denominado ''Por mais um dia de Mitch Albom''. O tempo passou-se e logo me vi nas compras pensando enquanto caminhava. Quase fui atropelada por uma bicicleta que vinha na contra mão. Continuei a caminhar de cabeça baixa enquanto ouvia Falling Down . Ao contrário do que muitos diriam nessas horas, nada estava silencioso, na verdade tudo estava barulhento em demasia. Nada parecia fora do lugar, tudo estava na contínua monotonia. Até eu.
Qual o preço que se ganha por ser gentil? Eu certamente ganhei o meu. Quando penetrei o costumeiro e modesto mercantil onde costumo fazer as compras, comprei. E quando ia saindo a adorável e peculiar dona do lugar, deu-me uma sacola: '' Um presente'', disse simplesmente com um rústico sorriso. Quando abri o pacote, avistei uma camisa modesta amarela com alguns escritos engraçados ao meu ver. Estes eram: '' Neste pau tem que beber para viver menos... Menos preocupado, menos nervoso, menos triste, menos solitário...'' O pau da bandeira é uma grande festa da cidade de Barbalha, recheada de religiosidade por um lado e divertimento para o outro. É a festa do santo casamenteiro '' Santo António''. Reza a lenda de quem pega no pau casa-se. Na minha concepção, que sou naturalista, acho uma falta de respeito uma árvore belíssima, centenária, ser derrubada por vários homens... Ser posta na margem de um rio até secar e depois num determinado dia ser carregada pelos mesmo (que estarão com um excessivo teor alcoólico no sangue), pela cidade. Não adianta dizer-me que plantam mais vinte, eles levarão anos e anos para se desenvolverem fortes e belas novamente até tornarem-se centenárias. Nada para mim, modifica o fato da petulância da derrubada e da exposição ridícula de uma senhora árvore que apóes é erguida próximo a igreja para ser molestada com nomes... Mas eu gostei da camisa, afinal foi-me oferecida de coração por uma pessoa séria e gentil. Agradeci e sai. O sol tomara o lugar do vento e senti queimar o rosto. O copo do vendedor caiu e quando eu pensei em agachar-me, lá estava de volta ao seu lugar imaculado. Diversas coisas são assim... Quando você pensa em agir, outra pessoa toma o seu lugar rapidamente. Tudo estava tão claro desde o chão de pedras solto aos meus pés, ao olhar quente das pessoas desconhecidas.
'' Dê-me, dê-me tua voz, tua face, tua máscara. Deita-te no meu colo, em mim. Recita-me uma poesia, mas não recordara nenhuma poesia. Inventa-me uma história, fala, mas estou farta de tanta ironia. Demonstre-me teu fervor, esconde-me em teu beijos. Entregue-se a sedução, a minha. Não deixe-me. Deixo-te pois que é necessário para a satisfação de outros e não minha. Porque a vida foi feita para se seguir e perseguida ser.''

Lay.

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