Raissa

-Sabe, Sérgio, gostaria que você me explicasse como se processam os distúrbios provocados no feto pelo contato de dois seres Rh diferentes, ela negativa e ele positivo.
-Se o fruto da concepção for Rh negativo, nada há a temer. se for positivo, o feto possuíra em seus glóbulos vermelhos um antígeno ausente na mãe.
-Então, os antigenos são substancias que, pela sua entrada na circulação materna, provocam a formação de anticorpos?
-É isso mesmo. Se a mãe é Rh positivo e o filho Rh negativo, ele possui uma substancia estranha a ela. Quando essa substancia entra na circulação materna, provocam a criação de defesas, chamadas anticorpos, contra o intruso Rh.
-Sérgio, não precisa explicar-me os termos médicos eu.... eu já conheço - censura orgulhosa.
-Desculpe, pensei que sua dúvida fosse a nomeclatura.
-Continuemos: os anticorpos permanecem no plasma materno podendo penetrar na circulação fetal, provocando uma reação anticorpo-antígena e destruindo as hemáceas.
-Certo, a destruição progressiva dos glóbulos vermelhos ocasiona uma reação do organismo fetal com hiperplasia dos centros eritropoéticos medulares e extramedulares.
-Você está avançando demais, vamos vulgariza um pouco. Hiperplasia eu sei que é o aumento de um órgão devido à multiplicação dos elementos que o contêm, não é?
-Exato!
-E o que vêm a ser centros eritropoéticos?
-São centros produtores de glóbulos vermelhos. Agem por eritropenia, isto é, falta ou redução de eritrócitos ou hemácias na composição sanguínea.
-Qual o seu fator Rh? - perguntou, sem atinar a razão.
Percebendo a garfe, ruboriza-se fortemente.
-O motivo dessa pergunta é científica ou pessoal?
Ela traindo-se vasculha a mente à cata de uma ideia salvadora. Sua vista vai ao horizonte, fugindo covardemente do campo de batalha.
''Que fazer?'', interroga-se.
Inconscientemente avançara o sinal e sorrindo com acanhamento, relembra as melindrosas num feminino gesto de baixar os olhos.
-Não sei o que dizer.
Nem era preciso.

Raissa, Regis Castro