sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Lorde Henry Wotton


Certo dia quando me encontrava na biblioteca da escola, passei os olhos pelos livros mais antigos e clássicos, deparei-me com uma imensidão de livros mais do que interessantes. Dentre eles estava O Retrato de Dorian Gray, que me atraiu pela lembrança de um dos personagens de Stuart Townsend, um dos meu atores prediletos. Tomei o livro da biblioteca com uma maravilhosa sede pela história.
O livro inicia com uma conversação do meu apaixonado Basílio Hallward e com o meu tão estímado e sarcástico Lorde Henry Wotton (quem vim homenagear). Admito nunca ter visto antes um homem fora do sério como o tal. Para tudo ele tem uma teoria porém as inversas. São todas impressionantes pelo modo como são declaradas e inventadas naturalmente. Digitarei uma das conversações do livro que mais me impressionou por sua paixão teórica. Ele me influênciou demasiadamente. Imaginu-o tendo uma cara de homem, fumante como o livro descreve, belo e elegante.

Personagens:
-Lorde Henry Wotton (chamado de Harry pelos amigos íntimos)
-Duquesa Gladys
-Dorian Gray

[...] - Minha querida Gladys, não pretendo absolutamente mudar o nome de vocês. Ambos possuem nomes perfeitos. Estava pensando principalmente nas flores. Ontem cortei uma orquídea para pôr na lapela. Era uma maravilhosa flor mosqueada, tão vistosa quanto os sete pecados mortais. Perguntei o seu nome a um dos jardineiros. Respondeu-me que se tratava de um formoso exemplar de Robinsoniana ou qualquer coisa horrível desse tipo. É uma triste verdade, mas perdemos a capacidade de dar nomes adequados às coisas belas. Os nomes são tudo. Nunca discuto fatos. Discuto apenas palavras. Por esse motivo, tenho horror ao realismo vulgar na literatura. O homem que dá a uma enxada o nome de enxada deveria ser obrigado a utilizá-la. Só poderia servir mesmo para isso.
- Então que nome deveremos dar-lhe, Harry - perguntou ela.
- Seu nome é Príncipe Paradoxo - disse Dorian Gray.
- É perfeito! - exclamou a duquesa.
- Não quero ouvir mais nada - disse rindo Lorde Henry, sentando-se em uma poltrona. - Não há modo de escapar a um rótulo! Recuso o título.
- Os soberanos não devem abdicar - observou uns lindos lábios.
- Acha então que devo defender meu trono?
- Sim.
- Proclamarei então as verdades de amanhã.
- Prefiro os erros de hoje - respondeu ela.
- Você me desarma, Gladys! - exclamou, imitando seu espírito combativo.
- Do seu escudo, Harry, mas não da sua lança.
- Nunca luto contra a Beleza - retrucou, esboçando um gesto de cumprimento.
- É este o seu erro, Harry, pode crer. Você dá excessivo valor à Beleza.
- Como pode dizer isso? Confesso que acho melhor ser belo do que bom. Porém, por outro lado, ninguém se sente mais mais dispodto do que eu a reconhecer que é melhor ser bom do que ser feio.
- A feiúra é entçao um dos sete pecados mortais! - exclamou a duquesa. - Que dizer então da sua comparação a respeito das orquídeas?
- A feiúra é uma das sete virtudes capitais. Gladys. Você, como boa conservadora que é, não deve menosprezá-las. A cerveja, a Bíblia e as sete virtudes capitais fizeram da nossa Inglaterra o que ela é atualmente.
- Seu país então, não lhe agrada? - perguntou ela.
- É nele que vivo.
- Pode ser que seja para melhor poder criticá-lo.
- Gostaria então de que eu preferisse a opnião que dele tem a Europa? - perguntou.
- E o que dizem de nós?
- Que Tartufo imigrou para a Inglaterra e aqui se estabeleceu.
- Isto é de sua autoria, Harry?
- É um presente que lhe faço.
- Não poderia usá-lo. É por demais verdadeiro.
- Não há razão para receio. Nossos compatriotas são incapazes de se reconhecer em uma descrição que deles se faça.
- Possuem espírito prático.
- São mais espertos do que práticos. Quando fazem suas contas, equilibram a estupidez com a riqueza e o vício com a hipocrisia.
- Apesar de tudo isso, fizemos grandes coisas.
- As grandes coisas nos foram impostas, Gladys.
- Pelo menos agüentamos suas conseqüências.
- Apenas até a Bolsa.
Ela maneou a cabeça.
- Acredito na raça! - exclamou.
- Representa a sobrevicência dos instintos.
- Ela se aperfeiçoa.
- A decadência me atrai muito mais.
- E que é a arte? - perguntou ela.
- Uma ilusão.
- E a religião?
- Um elegante sucedâneo da Fé.
- Você é um cético.
- Jamais! O ceticismo é o ínicio da Fé.
- Que é, então?
- Definir é limitar.
- Quero ao menos uma indicação.
- Os fios se romperam. Ficaria perdida no labirinto.
- Você me deixa atordoada. Vamos mudar de assunto.

Este foi um dos trechos mais perfeitos do livro. Confesso que até ler este, nunca anteriormente havia visto Lorde Henry admitir ser desamardo, daí a duquesa Gladys, se torna uma personagem destacada para mim. Mesmo participando muito pouco do livro. Ao redor da história, Harry se torna o influenciador das mentalidades, principalmente da Dorian Gray, desde a manhã em que ele o conhecera no estúdio de pintura de Basílio Hallward (autor do Retrato de Dorian Gray). Então, este foi o post mais longo que já fiz em minha pouca vida de blog. Espero que tenham gostado das novidades! E leiam O Retrato de Dorian Gray, são horas de leitura asfixiante e perfurante.

Lay.

Um comentário:

Raíssa N. disse...

Oh dear god!
Amei!!!...gostaria de poder ler. Fique realmente interessada.
Mas agora estou lendo um livro com um personagem quase tão irônico quanto. Não, retiro o que disse. Dexter é muito pior. Porque ele faz jus à frase "Um lobo na pele de cordeiro".
Gostaria que você podesse lê-lo também. Mas...talvez mais tarde.
É que no momento eu só tenho o livro em inglês.
Mas vai chegar em português qui no Brasil. Já está na pré-venda na internet. Só não aguentei esperar e acabei baixando em inglês e imprimindo 150 páginas(graças ao meu tão adorado e estimado Dr.Sérvulo) mais uma capa que fiz e encadernei tudo rsrsr.
Quanto ao Layout... enquanto você não aprende, diga-me que imagem você gostaria de ter no seu layout, e as cores que eu farei um pra você com muito carinho.

R.N.