domingo, 30 de novembro de 2008

Mr. Riddle

Postarei uma das minhas estórias da qual denominei ''Ala dos enfermos''. Nesta, a pequena Jessie ainda se encontrava no hospital recuperando-se. Tinha apenas oito anos de idade na época. Foi deveras bom escrever este texto porque essa é uma parte importante para a estória. Espero que gostem!

''Jessie recuperava-se aos poucos. Dia a dia como um novo horizonte fresco e aprazível para suas delicadas e pequeninas mãos. Era delicioso imaginar um possível novo arco-íris em sua esmagada vida. Inevitável esquecer o que se passara há poucos dias atrás, ela bem o sabia.
Abel cada vez mais se apegava à pequenina, mas sabia que não podia levá-la consigo. Sua esposa nada apreciava a ideia de uma criança adotada. Ela iria para um orfanato assim que melhorasse. Sabiam.
Certo dia, frio dia, Abel levou Jessie para caminhar pelo hospital numa cadeira de rodas. O homem ficou fascinado com o olhar da criança para as pessoas enfermas no hospital. Amputados, aidéticos, todos com doenças e cicatrizes inesquecíveis em seus estados mais degradados. Ela não trazia a piedade consigo no olhar. Era como uma forma diferente de piedade, algo que se diga: ‘’ Eu não tenho piedade de ti, mas entendo a vossa dor’’. Tais doentes nem mesmo gostam de piedade que é muito comum dentre eles, afinal eles perderam algo do corpo, sua carne. Por isso ela os agradava, por sua não piedade.
O médico sentou com Jessie na parte alta do hospital donde dá de vista para o iluminado jardim.
- A senhorita é a criança mais adorável que já conheci – disse o médico.
- Já disse isso e agradecida fico novamente. O senhor também é muito gentil. Mas eu sei que sua esposa não muito se agradou comigo.
- Veja como é inteligente! Temia dizer-te isso. Mas no fundo já sabia.
- Normal, a maioria das pessoas querem ter os seus próprios filhos. Sangue do seu sangue, carne da sua carne e do seu sofrimento. – Abel observava como sempre boquiaberto e reflexivo para o que a garota falava com seu tom tão brando e suave.
- Desculpe-me Jessie.
- Não carece desculpas. Já disse, é normal. Falta pouco agora, irei para um orfanato.
- Queria mesmo lhe adotar, ter-lhe como filha. – A criança pega a mão do médico.
- Eu sei. Podemos voltar agora sir? Estou com frio.
- Está fazendo demasiado frio, não deveria ter te trazido para cá comigo.
- Claro que deveria, por isso trouxe-me.
- Tens razão. Vamos. - Tirou seu paletó e pôs sobre ela.
Saiu empurrando a cadeira de rodas pelo corredor branco, meio escuro e frio.''

3 comentários:

Raíssa N. disse...

Olhe...uma dessas até eu gostaria de adotar.
Ficou muito bom Lay. Como sempre. Eu já fico sem saber o que dizer. Só posso dizer que fico muito feliz e até agradecida de você estar escrevendo tanto. Não é todo dia que tenho a chance de ler algo tão bom ^^
vou sequetrar você e Sérgio e escrvaizar os dois. Só solto quando tiverem me escrevido um livro inteiro.

Amo-te.

sergio disse...

bonito texto. qqr um ficaria "boquiaberto" com essa menina (ambas. a ficcional e a escritora)

bom, vou ter de responder ao comentário anterior ☺

cuidado, posso desenvolver sindrome de estocolmo aя aя aя aя

Raíssa N. disse...

*eyebrow lift*